sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Instituição

Pode parecer uma provocação, mas, garanto, não é: os primeiros minutos de Clube dos Cinco, de John Hughes, conseguem materializar a idéia de escola como uma instituição - e que, portanto, em maior ou menor grau, é coersiva - de maneira muito mais eficiente do que os 75 minutos de High school, o célebre documentário de Frederick Wiseman. Não se trata nem de sugerir a vitória da ficção sobre o cinema documental, uma vez que o início do filme de Hughes é, a princípio, não-ficcional (ao menos no que diz respeito às imagens, já que no áudio a dramaturgia se apresentar por meio da narração de um dos personagens), e sim, de que a precisão pode ser muito mais pungente do que a imersão. Ou seja, nem sempre o fato de o diretor se infiltrar em um mundo e deixá-lo que este se revele por si mesmo – a estratégia maior dos entusiastas do cinema direto – é garantia de que... o mundo, de fato, se revele!  

A precisão a que me refiro é a de que o autor de Curtindo a vida adoidado filma, com grande economia (em uma série de planos fixos e curtos) aquilo que é preciso para que, em poucos segundos, possamos apreender o que o cineasta está tentando comunicar (que passa longe, neste caso, do sintetismo vulgar encontrado na publicidade, é bom deixar claro).

O que isso tem a ver com Amador? Se realmente os alunos que estarão no nosso documentário demonstrarem a preocupação com a imagem da Escola, como relatei no post anterior, a resposta é: tudo. Afinal, desta maneira o assunto passaria a ser não apenas o comportamento sexual dos jovens, de alguns jovens, melhor dizendo, mas também, as conseqüências que isso têm para a o Colégio, para a instituição e o conjunto de pessoas que a formam – professores, zeladores, inspetores, alunos etc. Sendo assim, é preciso materializar a Escola, em Amador. Como se faz isso? Simples: a filmamos.

E o ponto é: Hughes me parece ensinar melhor a fazer isso do que Wiseman. 




Wellington Sari

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